O Neorealismo é uma consequência das teorias equilíbrio-de-poder (ou “realistas”) de relações internacionais e foi primeiramente articulada por Kenneth Waltz em 1975 e 1979. É distinguida da teoria mais antiga principalmente pela sua tentativa de ser mais explicitamente teórica, num estilo mais aparentado para economia – especialmente pelas suas comparações auto-conscientes da política de grandes potências para um mercado oligopolista e a sua suposição simples e intencional acerca da na natureza das relações internacionais. Neorealismo é também referido como “realismo estrutural”, e alguns escritores neorealistas referem-se ás suas teorias, por vezes, como apenas “realistas” de modo a dar ênfase à continuidade entre as suas próprias visões e as mais antigas. A sua alegação teórica principal é que na política internacional, a guerra é, a qualquer altura, uma possibilidade. O sistema internacional é visto como completamente e sempre anárquico. Apesar de normas, leis e instituições, ideologias, e outros factores serem reconhecidos por influenciarem o comportamento de governos individuais, os neorealistas insistem normalmente que estes não alteram o papel central que a guerra interpreta na política internacional.
Quais são os conceitos básicos do neorealismo?
Aqui está como eu tentei formulá-los, e agradeceria opiniões e comentários.
Os princípios básicos do neorealismo permitem a abordagem sistemática de mudanças de estudo em comportamentos de estado. Seis conceitos neorealistas fundamentais serão respectivamente introduzidos nesta secção; anarquia, estrutra, capacidade, a distribuição do poder, polaridade e interesse nacional. Estes conceitos são evocados por muitos estudantes realistas de relações internacionais (Buzan 1993; Hers 1950; Hanami 2003; Jervis 1997; Keohane 1986; Mearsheimer 2001; Oye 1986; Snyder 2002; Waltz 1979; Zakaria 1998), ainda que, com algumas variações nas suas definições precisas.
Os primeiros dois conceitos; “anarquia” e “estrutura” estão interligados. A “estrutura” do sistema internacional é dito ser “anárquica”. “Anarquia” não implica a presença de caos e desordem. Ela simplesmente se refere à ausência de um governo mundial (Waltz 1979, 88). Sem autoridade global abrangente que fornece segurança e estabilidade nas relações internacionais, a política mundial não é formalmente e hierarquicamente organizada. A política internacional é estruturada pela “anarquia”, em contraste com a política doméstica que é estruturada por “hierarquia”. O sistema internacional é assim definido em termos de uma estrutura internacional anárquica.
Uma “estrutura anárquica” tem duas principais implicações. Primeiro, todo o actor no sistema internacional é responsável por cuidar de si mesmo, fazendo do sistema internacional um “sistema de auto-ajuda”. Este sistema é então composto por unidades que dizem respeito a si mesmas, que vão em busca principalmente de sobreviver. Estados nacionais são as únicas entidades em relações internacionais que têm uma autoridade legítima e centralizada para usar força de modo a protegerem-se a si próprios. Estados soberanos são então unidades constitutivas do sistema internacional, e os principais actores na política mundial. Portanto, o príncipio organizacional da estrutura internacional é a “anarquia”, e esta “estrutura” é definida em termos de estados. Segundo, os estados sentem-se perpetuamente ameaçados por potenciais ataques de outros. Onde ninguém comanda pela virtude da autoridade, ninguém é obrigado a cumprir (Waltz 1979, 88-93).
À medida que cada estado se sente constantemente inseguro, qualquer um precisa de ser capaz de vingar sozinho. Isto leva ao terceiro conceito, “capacidade”. As capacidades são instrumentais para que os estados possam garantir a sua sobrevivência. O objectivo de sobreviver encoraja ganhos relativos. Uma avaliação neorealista da “capacidade” de um estado é determinada por 5 principais critérios; os seus recuros naturais, demografia, economia, exército e capacidade tecnológica. À medida que cada estado conquista um nível diferente de capacidade (que sirva principalmente o seu objectivo de sobreviver), os estados dentro do sistema internacional são diferenciados pelo seu nível de capacidade. Os estudantes neorealistas esforçam-se então para pintar uma imagem relacional das capacidades que cada estado possui a qualquer dada altura. Isto é referido como “capacidade relativa”.
Como os estados são perpetuamente inseguros, têm frequentemente o desejo de adquirir capacidades. Nasce então o grande paradoxo da política internacional; o “dilema da segurança”. Na tentativa de obter segurança frente a um possível ataque, os estados focam-se em adquirir mais e mais capacidades de maneira a escapar o impacto das capacidades dos outros. Isto torna os outros mais inseguros e força-os a prepararem-se para o pior. Visto que ninguém se consegue sentir seguro num mundo de unidades competitivas, a competição começa e dá início ao círculo vicioso de segurança e à acumulação de capacidades. (Herz 1950,36).
Na competição pela segurança, os estados atingirão vários níveis de capacidade. Então, capacidades são distribuídas de forma diferente pelas unidades constitutivas do sistema. Tal avaliação da “distribuição de capacidades” constitui o quarto conceito do neorealismo. O ranking dos países depende das suas pontuações em todos os componentes previamente mencionados no que toca a “capacidade relativa”.
A noção de “polaridade” pode ser explicada à luz dos conceitos precedentes. A polaridade de um sistema internacional é determinada ao examinar a “distribuição de capacidades” pelas unidades, a qualquer altura. Esta abordagem permite a tipificação distinta da natureza do sistema internacional. É possível, geralmente, distinguir entre três tipos de polaridade; unipolaridade, bipolaridade e multipolaridade. Unipolaridade prevalece quando um único estado no sistema é marcadamente superior, relativamente aos outros estados em termos de demografia, economia, exército e capacidades tecnológicas. O estado atual do sistema internacional pode ser considerado unipolar; os Estados Unidos mantêm-se primados mundialmente no que toca a exército, economia, e tecnologia. Bipolaridade existe quando estas capacidades são maioritariamente distribuídas entre dois actores destacados, tal como na era da Guerra Fria quando os EUA e a União Soviética representavam os dois “pólos” do poder. Multipolaridade ocorre quando mais de dois actores possuem praticamente quantidades iguais de capacidade relativa. Exemplos de estruturas multipolares podem ser vistas nos períodos seguindo até e durante a Primeira e Segunda Guerra Mundial.
“Interesse nacional” é um conceito elusivo. Na procura pela segurança, os estados tentam expandir as suas capacidades frente a frente com os estados rivais. Portanto, assegurar segurança territorial, económica e militar, constitui o cálculo de interesse nacional de um estado. Ao mesmo tempo, o nível de capacidade que um estado possui vis-à-vis os outros, constrange ou encoraja os estados a ir à procura de tais interesses. Em retorno, o alcance e ambição dos interesses de um país são movidos pelo seu nível de capacidade (Telhami 2003, 109). Portanto numa estrutura neorealista conceptual, os interesses nacionais de estados são mais facilmente entendidos com referência ao seu ranking de capacidade relativa.
Esperamos que tenha aprendido bastante sobre o Neorealismo e que este artigo tenha sido util!